Washington acusa a China de se preparar para "usar a força" na Ásia-Pacífico

O chefe do Pentágono pediu no sábado que seus aliados na região aumentassem seus gastos com defesa, enquanto Pequim "treina todos os dias" para uma invasão a Taiwan.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse no sábado, 31 de maio, que a China estava se preparando "para potencialmente usar força militar" na região da Ásia-Pacífico, uma região que Washington tornou seu "teatro prioritário". "A ameaça da China é real e pode ser iminente", disse ele no Shangri-La Dialogue em Cingapura, o maior fórum de segurança e defesa da Ásia. Ele acrescentou que Pequim "quer dominar e controlar" a região e "está treinando todos os dias" para uma invasão a Taiwan.
Hegseth disse que Pequim estava "clara e credivelmente se preparando para potencialmente usar força militar para mudar o equilíbrio de poder" na Ásia-Pacífico. Neste contexto, os Estados Unidos fizeram desta região seu "teatro prioritário" e estão "reorientando (sua estratégia, nota do editor) com o objetivo de dissuadir qualquer agressão da China comunista", enfatizou, acrescentando que Washington intensificou sua cooperação com o Japão e as Filipinas, seus aliados tradicionais na região, e se comprometeu a fortalecer suas relações com a Índia. "A América está orgulhosa de estar de volta ao Indo-Pacífico e estamos aqui para ficar", disse ele.
Mas, por sua vez, "os aliados dos Estados Unidos no Indo-Pacífico podem e devem aumentar rapidamente suas próprias capacidades de defesa", enfatizou, citando a Europa como exemplo. "É um pouco difícil de acreditar (...) que eu possa dizer isso, mas, graças ao presidente Trump, nossos aliados e parceiros asiáticos deveriam se inspirar nos países europeus, um exemplo totalmente novo" nessa área, declarou ele. "A dissuasão não é barata", ele lembrou. Vários países europeus, começando pela Alemanha, anunciaram um aumento drástico em seus orçamentos militares para levá-los a 5% do PIB, em resposta à ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de se retirar da defesa europeia por meio da OTAN.
O fórum Shangri-La Dialogue, agora em seu 22º ano, reúne líderes de toda a Ásia e do resto do mundo na cidade-estado de Cingapura todos os anos. No passado, o evento proporcionou regularmente oportunidades para líderes de países rivais se encontrarem. Pela primeira vez desde 2019, no entanto, a China anunciou que não enviaria um alto funcionário para lá. O fórum, que começou na sexta-feira com um discurso do presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro de um representante europeu, vai até domingo.
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